Engenharia de prompts não é mais uma carreira, mas uma competência
Vivaldo José Breternitz (*)
A ascensão e queda da "engenharia de prompts" como uma carreira é um exemplo revelador de quão rapidamente o mercado de trabalho em inteligência artificial pode mudar.
Há apenas dois anos, a engenharia de prompts era um dos assuntos mais comentados no mundo da tecnologia – uma nova e aparentemente essencial função surgida com o rápido crescimento da inteligência artificial. As empresas estavam ansiosas para contratar especialistas que soubessem formular as perguntas certas para modelos de linguagem, garantindo o melhor desempenho da IA. A função era acessível, exigia pouco conhecimento técnico e era vista como uma porta de entrada promissora para uma indústria em expansão.
Hoje, no entanto, a engenharia de prompts como uma função isolada praticamente desapareceu. Aquela que antes era considerado uma competência valorizada agora é simplesmente esperada de qualquer profissional que trabalhe com IA. Em um desdobramento irônico, algumas empresas estão até usando IA para gerar prompts, reduzindo ainda mais a necessidade de engenheiros de prompts humanos.
O breve auge e a rápida queda da engenharia de prompts destacam uma realidade mais ampla sobre o mercado de trabalho em IA: novas funções podem desaparecer tão rapidamente quanto aparecem.
Era muito fácil entrar na área: ao contrário da maior parte das funções na área de TI, não exigia anos de educação especializada ou experiência em funções técnicas, tornando-a especialmente atraente para quem queria ingressar na área de IA. Em 2023, perfis do LinkedIn mostravam muitas pessoas se autodenominando engenheiros de prompts, e o mercado norte-americano para essa função crescia a uma taxa anual de 32,8%, pagando bons salários.
No entanto, o entusiasmo foi maior que a realidade. Segundo Allison Shrivastava, executivo do Indeed, grande portal de empregos, a engenharia de prompts raramente foi listada como um cargo oficial, sendo quase sempre incorporada em funções como engenheiro de aprendizado de máquina ou arquiteto de automação.
À medida que o entusiasmo diminui, o mercado de trabalho em IA está se deslocando para funções que exigem maior conhecimento técnico; para aqueles sem esse conhecimento, as opções estão se tornando mais limitadas.
IA está realmente transformando o mundo do trabalho na área de tecnologia, não necessariamente criando novas funções, mas redefinindo as já existentes.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor e consultor – vjnitz@gmail.com.