Entre números e narrativas: o verdadeiro rosto da Polícia Militar de São Paulo
A Polícia Militar do Estado de São Paulo cumpre um papel complexo e multifacetado que vai muito além da repressão criminal. Seu trabalho envolve prevenção, integração comunitária, projetos sociais e inovação tecnológica, pilares que muitas vezes passam despercebidos diante da cobertura superficial ou parcial de parte da mídia. Não raramente, a desinformação ou a falta de seriedade no tratamento de determinados episódios acabam influenciando negativamente parte da população, criando a impressão distorcida de que criminosos seriam meras vítimas da sociedade, enquanto a polícia encarnaria a maldade em pessoa. Essa inversão de percepções fragiliza o debate público, obscurece a relevância das ações preventivas e reduz a confiança em uma instituição que, em última instância, é responsável por garantir a segurança e a ordem, direitos fundamentais de qualquer cidadão.
É preciso reconhecer que a atividade policial é marcada por riscos diários e pela necessidade de respostas rápidas em cenários de alta complexidade. Entretanto, limitar a visão da PM ao enfrentamento armado é desconsiderar um conjunto de iniciativas que revelam o esforço constante da corporação em aproximar-se da sociedade e construir pontes de cidadania. O Programa Vizinhança Solidária, por exemplo, fortalece laços comunitários ao estimular o trabalho conjunto entre moradores e polícia, criando redes de apoio que reduzem a criminalidade pela via preventiva. Da mesma forma, projetos de equoterapia desenvolvidos em unidades da PM oferecem inclusão e desenvolvimento a pessoas com necessidades especiais, mostrando que a corporação também atua no campo da saúde e da integração social.
A modernização tecnológica é outro pilar que merece destaque. O uso de câmeras corporais, já implementado em boa parte do efetivo, reduziu índices de letalidade e promoveu maior transparência nas ações policiais. O sistema Detecta, que integra informações de monitoramento e inteligência, potencializa o combate ao crime organizado e permite respostas mais rápidas e eficientes. Tais medidas demonstram que a corporação busca se reinventar, não apenas em prol da eficiência operacional, mas também na direção de um relacionamento mais claro e responsável com a sociedade.
É evidente que, como toda instituição composta por pessoas, a Polícia Militar não está imune a erros, abusos ou falhas de procedimento. Esses casos devem ser investigados e punidos com rigor, sem complacência. Contudo, transformá-los em regra geral e ignorar o trabalho silencioso de prevenção, apoio social e proteção cotidiana é reduzir a complexidade da segurança pública a uma caricatura injusta.
Valorizar a Polícia Militar de São Paulo, portanto, não significa fechar os olhos para os seus desafios, mas reconhecer que, ao lado do enfrentamento direto ao crime, existe uma rede de projetos sociais, ações comunitárias e estratégias modernas que contribuem para a construção de um ambiente mais seguro. É nesse equilíbrio entre crítica responsável e reconhecimento justo que se encontra o caminho para uma percepção mais madura e equilibrada do papel policial em uma sociedade democrática.
Prof. Fulvio Cristofoli