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Em 2004 Bill Gates disse que em 2006 não existiria mais spam
Por Vivaldo Breternitz
Publicado em 27/04/2025 23:20
Ciência & Tecnologia

Em 2004 Bill Gates disse que em 2006 não existiria mais spam

Vivaldo José Breternitz (*)

No Fórum Econômico Mundial de 2004 em Davos, Bill Gates fez uma previsão ousada: dentro de dois anos, o problema do spam de e-mail estaria resolvido.

Muitos acreditaram na previsão, inclusive eu, que publiquei um artigo sobre o tema no jornal “O Tempo”, de Belo Horizonte.

Na época, Gates delineou algumas soluções possíveis, duas das quais envolviam exigir que os remetentes resolvessem quebra-cabeças computacionais, um conceito semelhante ao que hoje conhecemos como proof-of-work.

Mas sua solução preferida era um sistema pelo qual os remetentes de e-mail pagariam uma pequena taxa para enviar uma mensagem, algo semelhante a um selo postal digital - contatos como amigos e familiares poderiam ser isentos da cobrança.

"Daqui a dois anos, o spam estará resolvido", disse Gates, expressando confiança no modelo de monetização. No entanto, a realidade foi diferente.

Em 2007, longe de ser resolvido, o spam atingiu níveis recordes. Naquele ano, estimava-se que 10,8 trilhões de e-mails de spam foram enviados, superando os 10,5 trilhões de mensagens legítimas. O tráfego de spam atingiu o pico em 2008, quando representou aproximadamente 92% de todo o tráfego de e-mail, de acordo com o Relatório Anual de Segurança da Cisco de 2009.

Felizmente, os avanços em filtros de spam e algoritmos de aprendizado de máquina melhoraram significativamente a segurança do e-mail e a experiência do usuário ao longo dos anos, ao menos no que se refere a spam.

Em 2023-2024, algumas fontes trouxeram números diferentes, mas mostrando um declínio claro no volume de spam: de acordo com a Statista, o spam representou cerca de 45% do tráfego global de e-mail em 2023. Já a Kaspersky, trouxe um número ligeiramente superior, 49%.

O Gmail, uma das plataformas de e-mail mais utilizadas, afirma bloquear mais de 99,9% de mensagens spam, phishing e malware antes que cheguem às caixas de entrada de seus usuários.

Embora os sistemas de e-mail tenham melhores na filtragem e eliminação de spam, o problema não foi erradicado, mas evoluiu. Os spammers agora empregam métodos mais sofisticados, muitas vezes disfarçando suas mensagens como comunicações legítimas para contornar os filtros. Além disso, o aumento dos ataques de phishing e ransomware mostra que, embora o volume bruto de spam possa ser menor, a ameaça permanece.

Agora podemos dizer que a previsão de Gates, na qual acreditei, foi excessivamente otimista. Seu sistema de monetização proposto nunca decolou e a batalha contra o spam continua, com o uso de novas armas envolvendo inteligência artificial, segurança cibernética e cooperação global.

(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor e consultor – vjnitz@gmail.com.

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