A Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas, conhecida como COP, é mais do que um encontro técnico entre governos e especialistas.
 Ela representa o maior espaço de diálogo global sobre o futuro do planeta — e, nos últimos anos, o Brasil voltou a ocupar um papel de destaque nesse cenário.
Desde a COP-25 em Madri e, especialmente, após a retomada da diplomacia climática brasileira, o país vem se consolidando como protagonista na agenda ambiental, sediando agora a COP-30 em Belém do Pará — um marco histórico.
 Essa conferência não será apenas sobre meio ambiente, mas sobre o modelo de desenvolvimento que queremos para o século XXI.
A COP-30 simboliza uma mudança profunda: ela foi pensada para transcender a imagem restritiva de um encontro climático e se tornar um espaço de governança global — onde temas como segurança alimentar, transição energética, economia verde, finanças sustentáveis e justiça climática estão interligados.
No plano interno, o Brasil tem buscado alinhar sua política ambiental com o desenvolvimento econômico.
 Segundo dados do Observatório do Clima, o desmatamento na Amazônia caiu cerca de 22,3% em 2023 em relação ao ano anterior — o maior recuo da década.
 Mas o desafio permanece enorme: o país ainda é o 5º maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, responsável por cerca de 2,9% das emissões globais, segundo o relatório Climate Watch 2024.
A COP-30 também será um espaço para debater as transições energéticas — um tema que toca diretamente o Brasil, que já possui uma das matrizes mais limpas do planeta, com cerca de 48% de energia renovável, de acordo com o Ministério de Minas e Energia.
 Ainda assim, o avanço das termelétricas e do uso de combustíveis fósseis continua a pressionar o equilíbrio ambiental.
Outro ponto fundamental é o financiamento climático.
 Os países em desenvolvimento exigem que as nações ricas cumpram o compromisso de US$ 100 bilhões por ano em apoio financeiro e tecnológico — uma meta firmada desde 2009, mas que até hoje não foi plenamente atingida, conforme relatório da ONU de 2023.
 A COP-30 deve servir para destravar esses recursos e garantir que as transições verdes sejam também socialmente justas.
A conferência de Belém promete integrar vozes diversas — de governos, povos indígenas, sociedade civil e empresas — num espaço que articula compromissos reais e ações locais.
 A expectativa é que o evento fortaleça a credibilidade do Acordo de Paris, que busca limitar o aquecimento global a 1,5°C até o final do século.
 No entanto, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alerta: se o ritmo atual continuar, o planeta pode ultrapassar essa marca já na década de 2030, com consequências irreversíveis.
 
A COP-30 é, portanto, mais do que uma conferência sobre o clima.
 Ela será um ponto de virada na diplomacia global, um fórum onde se discutirá não apenas o futuro ambiental, mas também o futuro econômico e social do planeta.