CEO da Ford acredita que a metade dos trabalhadores de áreas administrativas perderá seus empregos
Vivaldo José Breternitz (*)
O CEO da Ford, Jim Farley, afirmou recentemente acreditar que a metade dos americanos que trabalham em áreas administrativas poderá perder seus empregos para a inteligência artificial nos próximos anos.
Embora outros executivos discordem dessa visão, Farley não está sozinho em suas previsões. Diversos líderes empresariais têm alertado, ao longo de 2025, que o ambiente de trabalho passará por transformações profundas devido à IA — o que, segundo reportagem do Wall Street Journal, poderá resultar em demissões em massa.
O debate sobre os efeitos da IA no mercado de trabalho vem ganhando força nos últimos anos. Curiosamente, algumas das previsões mais alarmistas partem de dentro da própria indústria de IA. Dario Amodei, CEO da Anthropic, fez declarações de conteúdo semelhante e foi além, dizendo que o desemprego naquele país poderia chegar a 20%.
Executivos de outros setores também vêm emitindo alertas; além de Farley, o CEO da plataforma Fiverr, voltada a freelancers, Micha Kaufman, escreveu aos seus funcionários que "não importa em qual setor você atue, a IA está vindo atrás de você".
Tobi Lütke, CEO da Shopify, teria dito que sua empresa só contratará novos profissionais para tarefas que a IA não consiga executar. A IBM já substituiu centenas de colaboradores da área de recursos humanos por agentes de IA, enquanto a Microsoft estaria expandindo internamente o uso da tecnologia — o que pode ter influenciado sua mais recente onda de demissões.
Em maio, o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, revelou que a instituição pode reduzir seu quadro de funcionários em até 10% nos próximos anos, em razão da adoção de ferramentas baseadas em IA. Já Andy Jassy, CEO da Amazon, informou aos empregados em junho que a força de trabalho da empresa deve encolher nos próximos anos, em linha com a automação crescente de suas operações.
Entretanto, nem todos compartilham esse pessimismo. Jensen Huang, da Nvidia, disse que “discorda de quase tudo” o que foi dito por Amodei sobre os riscos da IA. Já Brad Lightcap, COO da OpenAI, afirmou que há poucas evidências de que empregos de entrada tenham sido substituídos em larga escala, e que quaisquer mudanças futuras não devem ser tão rápidas ou abrangentes quanto alguns preveem.
Há também quem defenda que, embora certos cargos possam ser eliminados, outros se tornarão mais relevantes. Após a redução de sua equipe de RH, a IBM, por exemplo, ampliou a contratação de programadores e vendedores.
Outros especialistas apontam que a IA não eliminará empregos, mas sim tornará os profissionais mais produtivos, aumentando a eficiência sem necessariamente reduzir a força de trabalho.
De qualquer forma, a sociedade deve permanecer alerta em relação ao tema.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor e consultor – vjnitz@gmail.com.